Esperei
passar a euforia da inauguração para, enfim, ir conhecer o tão falado
restaurante do chef Jefferson Rueda.
Fui em um feriado, sabendo que a casa não faz reservas. Assim, já sabia que
teria que enfrentar uma fila de espera que prometia ser larga e longa. Tive uma
experiência mediana no A Casa do Porco Bar, localizado no Centro de São Paulo,
próximo à Praça da República. É louvável a instalação do bar neste local, sendo
mais um no movimento de revitalização do Centro. Fui com muita expectativa, que
não foi correspondida. Uma hora e dez minutos na fila de espera, em pé na
calçada em frente, sem lugar para sentar. Quando cheguei, às 12:55 horas, já
havia uma aglomeração de gente em ambas as ruas, pois o restaurante está em uma
esquina. Coloquei meu nome na lista, mesa para duas pessoas, fornecendo o
número do celular. Imediatamente, recebi um SMS com um link para acompanhar nossa
posição na fila. Resolvemos ver como estava a espera no Bar da Dona Onça, da chef Janaína Rueda, esposa de Jefferson.
Era perto. Havia espera de, no mínimo, 50 minutos. Voltamos para a frente da
Casa do Porco.
Para amenizar a espera e enganar a fome, o restaurante abriu uma
janela voltada para a rua, onde vende alguns petiscos, entre eles uma pururuca
e um sanduíche de carne de porco desfiada, cebola defumada, maionese e mostarda
levemente picante, em um pão ciabatta crocante (R$ 15,00), além de bebidas, como
a cerveja da casa. O sanduíche pode ser dividido para compartilhar.
Dividimos um sanduíche e gostamos muito, aumentando nossas expectativas. Passados
70 minutos, recebi outro SMS, informando que chegara minha vez e que deveria se
apresentar em cinco minutos na recepção, sob pena de perder a vez. Moral da
história: não se pode distanciar muito do restaurante/bar. De cara não gostei
de onde nos colocaram. Fomos acomodados no bar, de costas para todo o salão
principal. Nossa visão frontal era o movimento da preparação dos drinques. O
lugar não chega a ser desconfortável, mas também não é o melhor do mundo.
Depois de um tempo sentado, a gente sente o corpo cansado. Relaxei, afinal
estava em um bar! O lugar é pequeno e em qualquer mesa, que têm formatos
irregulares, a sensação é de estar sentado no balcão de um bar. A carta tem
muitas opções de entradinhas, o que aguça a curiosidade. Todas são servidas com
quatro unidades. O bom é que você pode pedir metade, o que lhe permite
experimentar mais pratos. Pedimos cinco entradinhas, sendo quatro delas a meia
porção. O serviço é muito lento, embora o atendimento seja atencioso. Entre um
prato e outro se passava um longo tempo, o que desestimula vivenciar a
experiência.
Começamos com um sushi de papada de porco (R$ 14,50 ½ porção). Tem
linda apresentação, mas no paladar senti que faltou algo. Tempero? Algo
crocante? Talvez os dois.
Em seguida, croquete de porco, servida com mostarda
de tucupi e pimenta fermentada (R$ 11,00 ½ porção). Quente, saboroso, crocante,
harmonização excelente com os dois acompanhamentos.
O terceiro prato foi um pão
no vapor com cebola roxa, barriga de porco e pimenta fermentada (R$ 10,50 ½ porção).
Pão macio, cuja massa se integrou perfeitamente com a barriga de porco e demais
ingredientes. A minha entrada favorita.
A quarta entrada foi chamada na carta
como um já clássico da casa: torresmo de pancetta e goiabada (R$ 13,00 ½ porção). Houve um espaço enorme de tempo entre a terceira e esta entrada. É lindo de se
ver, mas estava frio, o que a torna com forte sabor de gordura na boca, mesmo
com o sabor adocicado da goiabada. Ao ver a bancada onde finalizavam os pratos,
notei que demoravam muito para decorar o torresmo, o que pode ter provocado o
esfriamento do prato. Não gostei. Reclamei com o garçom da demora, para mim
injustificável pelo fato de ser um bar!
Chegou, então, a quinta entrada, uma
versão diminuta do prato virado a paulista (R$ 24,00). A princípio não tínhamos
pedido este prato, mas quando vimos chegar para o casal que estava ao nosso
lado, achamos tão linda e apetitosa que resolvemos pedir a porção completa com
quatro unidades. Realmente é lindo, mas chegou fria e comer ovo frito frio é de
lascar.
Enquanto esperávamos o prato principal, o garçom nos trouxe, como cortesia, a pururuca que vendia na janela que mencionei no início desta resenha.
Sequinha, temperada com especiarias, com destaque para a canela em pó, é
crocante e saborosa, tipo impossível comer uma só. Perfeita para tira-gosto.
Enfim, o prato principal, individual, que foi a escolha de nós dois: porco em cinco
versões (R$ 68,00) - medalhão com bacon (nenhuma novidade), pancetta (estava
quente, como deve ser, o que realçou seu sabor), costelinha (defumada, modo que
não me agrada), linguiça (saborosa, levemente picante, sabor marcante) e
codeguim (macio, desmanchava na boca, o melhor das cinco versões).
A orgia
salgada foi grande, não sendo possível experimentar as sobremesas. Terminei com
um café espresso, bem tirado, acompanhado por uma bala de doce de leite com
bacon. Sabor inusitado. Nenhum prato que experimentei mexeu com minha cabeça. O
melhor foi o sanduíche do lado de fora, que poderia ter experimentado sem
esperar nada, pois fazem embalagem para viagem. Total da conta para duas
pessoas, já incluído o serviço: R$ 266,68 (não está incluído o sanduíche e as bebidas
que degustamos enquanto estávamos na fila de espera, pois estes foram pagos
mediante entrega).
A
Casa do Porco Bar – Rua Araújo, 124, República, São Paulo, SP. Telefone: +55 11
3258 2578. Wi-fi disponível mediante senha fornecida pelos garçons.
Minha nota:
6.
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