quinta-feira, 18 de maio de 2017

ZINFANDEL'S

A experiência: era nossa primeira noite em Zagreb, capital da Croácia, justamente no dia 28 de abril de 2017, quando completamos dois anos de relacionamento. Já havia previsto um jantar comemorativo, reservando uma mesa no restaurante número 1 do país, o Zinfandel's, que fica no luxuoso Esplanade Zagreb Hotel. A cozinha do restaurante está sob a responsabilidade da premiada chef Ana Grgic. Fiz a reserva por antecedência e perguntei sobre a existência de algum dress code, via e-mail, com um mês de antecedência. A resposta, confirmando nossa mesa, veio em menos de 24 horas, ressaltando que não exigiam vestimentas determinadas para frequentar o local. Chegamos em Zagreb depois de 28 horas que saímos de casa. Era final de tarde, o cansaço gritava em nosso corpo, mas não nos entregamos. Check in feito no hotel, malas no quarto, um bom banho, relaxados, saímos para conhecer as proximidades. Fazia frio. O termômetro indicava 13º C. Ficamos na rua até perto de 19 horas. Voltamos ao hotel para trocar de roupa e nos preparar para o jantar. O restaurante ficava distante 900 metros de onde estávamos, em uma linha reta, sem subidas ou descidas. Decidimos ir caminhando. Chegamos no horário marcado, às 20:30 horas. O Esplanade é um hotel grande, luxuoso, antigo, com um ar aristocrata decadente, mas que não perde a pose. Na porta, o mensageiro nos indicou a direção do Zinfandel's, que fica à esquerda de quem entra, tendo que passar por um suntuoso bar. Na recepção, via-se o movimento do primeiro salão, com um grupo enorme de asiáticos ruidosos em uma grande mesa. Fomos atendidos por um elegante senhor, que checou nossa reserva e nos conduziu para um salão mais reservado, tranquilo, com uma bela adega decorando a parede dos fundos. Luz baixa, ambiente tranquilo. Três outras mesas estavam ocupadas neste ambiente. Recebemos a carta de vinhos e o menu. A noite e o momento pediam um bom vinho. A carta é dominada por vinhos locais. Sem conhecer muito, escolhi às cegas o vinho tinto croata Krauthaker, elaborado com a casta crni pinot (pinot noir), com 13,5% de álcool, safra 2013, cuja garrafa custou 265 kunas (kn). Para acompanhar o vinho e manter a hidratação, pedimos uma garrafa de água mineral com gás de 750 ml Jamnica (26 kn), água que domina o consumo na Croácia. É suave, com gás sem agredir o paladar. O sommelier era totalmente vintage, abrindo o vinho e usando um taste vin de prata, devidamente pendurado em seu pescoço, para experimentar o primeiro gole antes de eu experimentar. Assim que disse que podia servir as duas taças, ele o fez e colocou a garrafa em um aparador de mesa para deixá-la levemente inclinada. No primeiro gole, já gostei do vinho, que evoluiu muito ao longo do jantar, na medida em que ia respirando. O cardápio tem uma boa variedade de entradas, pratos principais e sobremesas, mas o que nos chamou a atenção foram os menus completos, com quatro, cinco e seis passos. Não há exigência de todos da mesa escolherem o mesmo menu, mas nós o fizemos. Ficamos com o menu de cinco passos, ao custo de 725 kn  por pessoa, algo em torno de € 97. No entanto, eu não como espinafre e um dos passos era um dumpling recheado com ricota, acompanhado por um creme desta verdura, perguntei se poderia trocar este prato, recebendo resposta positiva. E mais, poderia escolher qualquer outro prato listado nos outros dois menus. Assim, troquei o dumpling por um consommé de cogumelos selvagens. Antes, porém, o garçom deixou na mesa uma cesta de pães, com manteigas saborizadas. Não era cortesia, e sim custou 25 kn por pessoa. A chef enviou um mimo, este sim, uma cortesia, antes de iniciar o menu propriamente dito. Eis o que degustamos naquela memorável noite:
1. Amuse bouche: atum levemente selado em leito de creme de abacate, salpicado com sementes de gergelim preto, folhas de amaranto e um crocante que lembrava um couscous. Prato delicado e delicioso, preparando nosso paladar para o que viria em seguida. Levantou nossas expectativas.
2. Foie gras, terrine de vinho do Porto, esponja de amêndoas e pó de framboesa. Visual lindo deste prato. O foie gras foi servido em forma circular, que na verdade era uma pasta de foie, com framboesas frescas compondo a decoração. A terrine de vinho do Porto era uma gelatina. A doçura desta gelatina, junto com o ácido da fruta, foi essencial para cortar a gordura do foie gras no paladar. A esponja de amêndoas era insossa e sem muito sentido para o conjunto do prato.
3. Lagostim cozido na água (pochê), servido sobre creme de açafrão e molho de laranja. Ao lado, purê de couve-flor, com pedacinhos de picles deste vegetal. A estrela do prato, o lagostim, não brilhou, pois o purê de couve-flor, com o crocante do picles, superou muito o sabor delicado demais do crustáceo. O molho de laranja levantou um pouco o sabor do lagostim, mas se ele fosse assado ou frito, o prato teria mais explosão no paladar. O que menos gostei dos pratos salgados.
4. Consommé de cogumelos selvagens com uma barra de funghi porcini seco em forma de gelatina nele mergulhado. Prato com delicioso aroma, bela apresentação, sabor delicado, com tempero leve e suave. Gostei muito.
4. Dumplings cozidos no vapor recheados com ricota, acompanhados por um creme de espinafre, ovo pochê e creme de pinhole. Este foi o prato que troquei, sendo experimentado apenas por meu companheiro, que o achou meio sem graça. O ovo visivelmente tinha a gema mais cozida do que pede um ovo pochê.
5. Bochecha de porco, geleia de funghi porcini e batata assada revestida com pó de cogumelos. Prato forte, robusto, com tempero sensacional. A carne estava desmanchando na boca. A geleia de cogumelos era delicada, com sabor em tempero exato para ser a acompanhante da carne. Bochecha de porco segue sendo um dos meus cortes de carne favoritos. O melhor prato da noite, sem sombra de dúvidas.
6. Mousse de morango, crunch de chocolate, crocante de amêndoas e amaretto. Para começar, não sou apreciador de morango, mas achei que seria demais pedir para trocar dois pratos deste menu. Resolvi comer e não me conquistou, embora reconheça que tinha lá um bom sabor e uma boa harmonização entre os seus ingredientes.
O senão ficou por conta da discrepância de tempo entre um prato e outro. Enquanto entre o amuse bouche e a entrada foi de dez minutos, entre o consommé e a bochecha de porco demorou quase meia hora.
Restaurante: Zinfandel's
Endereço: Mihanoviceva 1, Esplanade Zagreb Hotel, Zagreb, Croácia.
Telefone: +385 (0) 1 4566 644
Web: http://www.zinfandels.hr/
Data: 28/04/2017, sexta-feira, jantar.
Valor total da conta: Kn 1.941, para duas pessoas, sendo Kn 1.791 (€ 242,10) e Kn 150 (em dinheiro) de gorjeta. Conta paga com Visa Travel Money.
Minha nota: 8 para toda a experiência, ressaltando que se for avaliar apenas a bochecha de porco, a nota é 10.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

2ª REUNIÃO - CONFRARIA BH

Chegou o momento da Confraria BH se reunir pela segunda vez. Desta feita, com seis confrades: Leo, Emi, Rogério, Marcelo, Luís Fernando e Sônia. Mais uma rodada de papo, risadas, degustação de vinhos, e comida. Eis os vinhos da noite:

Vinho 1: Pintia
Safra 2011, com 15% de gradação alcoólica, elaborado com 100% de uvas tempranillo pela Bodegas Y Viñedos Pintia, uma empresa do grupo Tempos Vega Sicilia, na região de Toro, Espanha (Denominación de Origen Toro). Ficou em decanter por 45 minutos antes de ser servido. Colheita manual. Desta safra, foram produzidas 188.976 garrafas de 750 ml, todas elas numeradas. Nossa garrafa tinha o número 037313. Ainda engarrafaram 4.413 garrafas magnum, 302 doble magnum e 20 imperiais. Na taça, revelou uma cor rubi, com a unha já evoluindo para granada. No nariz, os confrades sentiram madeira, pimenta do reino, compota de ameixa, caramelo, açúcar queimado. Na boca, taninos presentes, mas sem agredir o paladar, suave, adstringente, com boa estrutura, fácil de beber. É importado para o Brasil pela Mistral e pela Gran Cru, custando R$ 250,00. Estagia de 12 a 18 meses em barricas de carvalho francês, podendo chegar até a 24 meses. Foi o preferido da noite por Emi, Luís Fernando, Sônia e Rogério.

Vinho 2: Pintia
Safra 2012, com 15% de gradação alcoólica, elaborado com 100% de uvas tempranillo pela Bodegas Y Viñedos Pintia, uma empresa do grupo Tempos Vega Sicilia, na região de Toro, Espanha (Denominación de Origen Toro). Ficou em decanter por uma hora antes de ser servido. Colheita manual. Desta safra, foram produzidas 159.759 garrafas de 750 ml, todas elas numeradas. Nossa garrafa tinha o número 016802. Ainda engarrafaram 4.500 garrafas magnum, 400 doble magnum e 30 imperiais. Na taça, revelou uma cor rubi vibrante, a chamada rubi-rubi. No nariz, os confrades sentiram licor de cassis, groselha, cereja em compota, chocolate. Na boca, taninos presentes, mas sem agredir o paladar, mais suave do que o anterior, elegante. É importado para o Brasil pela Mistral e pela Gran Cru, custando R$ 290,00. Estagia de 12 a 18 meses em barricas de carvalho francês, podendo chegar até a 24 meses. Foi o preferido da noite por Marcelo e Leonardo.
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Vinho 3: Protos Reserva
Safra 2011, com 15% de álcool, elaborado com 100% de uvas tempranillo (também chamada de tinta del pais), por Protos Bodega, na região de Ribera Del Duero, Espanha (Denominación de Origen), com vinhedos de mais de 50 anos. Ficou decantando por uma hora e vinte e cinco minutos. Cor rubi bem fechado. No nariz, sentimos couro, ameixa preta, compota de frutas, baunilha, ferro, terra molhada, argila. Na boca, revelou-se carnudo, com boa estrutura, destacando o gosto de madeira e um leve salgado no retrogosto. Estagia, no mínimo, de 18 meses em barricas de carvalho, sendo 20% de origem francesa e 80% americana, com mais de 18 meses em garrafa antes de ir para o mercado. Custou R$ 150,00, valor convertido de euros, uma vez que o cunhado de Emi o trouxe da Espanha.

Terminada a degustação, teve início o jantar, composto de cinco passos. Durante o jantar, tomamos o vinho espanhol Numanthia, produzido na região de Toro, safra 2012, elaborado com 100% de uvas tempranillo, tendo 15% de álcool. Custou R$ 190,00. Também tomamos o vinho espanhol Lindes de Remelluri, safra 2009, produzido na região de Rioja, com 13,5% de álcool, 100% tempranillo. Custou R$ 95,24 na Mistral. Eis nosso jantar, preparado pelo argentino Chef Gastón Almada:

Abre boca: pão, azeite, pernil e molho bravo (pimentão picante).
Entrada: salmorejo (uma espécie de sopa fria feita com tomate, pão, azeite, alho), servido como ovo de codorna, crocante de presunto de parma e salsinha.
Principal 1: peixe frito, vinagrete de cebola e alioli.
Principal 2: creme de batata, ovo mole, aspargos verdes e presunto de parma.
Sobremesa: torta de Santiago de Compostela (feita à base de farinha de amêndoas).