quinta-feira, 17 de agosto de 2017

BRASSERIE LIP

A experiência: após um longo dia passeando por Paris, decidimos jantar perto do hotel, sem ter que fazer deslocamentos utilizando o transporte público ou táxi. Há muito ouço dizer do Brasserie Lip, um restaurante tradicional, com mais de 130 anos de existência, que figura em vários guias da cidade. Não era longe de onde estávamos hospedados. Fomos caminhando pelo Boulevard Saint-Germain. Chegamos ao restaurante às 21:50 horas. Ao entrar, um garçom perguntou se tínhamos reserva. Não tínhamos, mas havia muito lugar vazio no amplo salão do local, que tem decoração pesada, com muitos espelhos na parede. Pedimos mesa para dois. O garçom nos mostrou uma escada ao fundo, dizendo para subir, que havia mesa disponível no segundo piso. Achei estranho, pois havia mesa limpa e vazia ali no primeiro piso, mas seguimos a sua recomendação. O salão superior é menor, com mesas mais coladas umas nas outras, lugar comum nos restaurantes franceses. O maitre se dirigiu a nós e nos conduziu até uma mesa pequena à esquerda do salão. Perguntei se não poderia ficar em outra mesa, tão pequena quanto, só que no meio daquele ambiente. Resposta negativa. Para que eu pudesse me sentar no sofá que percorre toda a parede, ele puxou a mesa. Enquanto ele a puxava, dois turistas orientais aproveitaram para sair da mesa ao lado, uma mesa de canto. Assim que o maitre empurrou a nossa mesa novamente, eu a corri para o lado, pois queria espaço para eventual saída. Um outro garçom viu, me fuzilou com os olhos e colocou a nossa mesa no mesmo lugar de antes. Decidimos ir embora. Um terceiro garçom perguntou porque estávamos levantando. Respondi que queria espaço. Ele apontou a tal mesa do centro, a mesma que eu queria ter ficado desde o início, que nos foi negada pelo maitre, e nos acomodou nela. Passado este fato, veio o cardápio. Eu entendo o francês, mas não domino a língua suficientemente no quesito alimentação. Tive que chamar o garçom para perguntar algumas coisas.
Um prato me chamou a atenção, pois tinha cinco letras A em frente a ele no cardápio. Perguntei o que aquilo significava. Era um prato super recomendado, uma iguaria, uma especialidade da casa. Era o andouillette AAAAA grillée (€ 22,50). Não sabia o que era, estava sem rede no celular para consultar o oráculo Google, e no restaurante não há wi-fi. Tive que perguntar ao garçom, que tentou explicar, mas só entendi que era alguma coisa relacionada a porco. Então ele apontou para a barriga. Tanto eu, quanto meu companheiro, entendemos que era barriga de porco, prato que gosto muito. Pedi sem exitar. Meu companheiro escolheu um prato que tinha visto em uma das mesas, jarret de porc avec lentilles (€ 22,90). Decidimos também pedir entradas. Eu, uma terrine de campagne (€ 12,50). Ele, um tartare thon (€ 16). E para beber, uma garrafa de vinho tinto Crozes Hermitage Les Jales Paul Jaboulet Aîné, elaborado com a casta syrah, safra 2013 (€ 42). As entradas logo chegaram. Meu companheiro nem tocou na dele, pois o tartare de atum tinha muito pepino cru na sua base. Ele não gosta de pepino cru. Dei minha terrine para ele. Comi o tartare, mas não apreciei muito, pois estava impregnado de coentro, erva que não gosto, pois ela mascara todos os demais sabores. A terrine estava bem feita. Comi um pedacinho. Demorou para chegar o pedido principal. Quando o meu prato foi colocado em minha frente, achei diferente a "barriga de porco", pois estava servida em formato de salsicha, mais grossa, com a casca bem dourada. Acompanhava uma bem servida porção de batatas fritas. O prato de meu companheiro, um joelho de porco assado, servido com lentilhas, era bem servido, muito aromático. Assim que parti um pedaço da tal salsicha, um cheiro desagradável de merda penetrou em meu nariz. Meu companheiro também sentiu. Assim que vi o pedaço que estava espetado em meu garfo, percebi que não tinha entendido direito o gesto do garçom. Andouillette é tripa de porco. E fedia muito. Tirei as batatas do prato e pedi para levar aquela coisa fedorenta da mesa. O garçom tirou o prato com um leve sorriso nos lábios. Ainda experimentei o pedaço que estava no garfo, mas definitivamente o sabor era horrível. Bebi um bom gole de vinho para tirar aquele gosto da boca. Como o joelho de porco com lentilhas era bem servido, dividimos este prato, juntando a batata frita. A carne estava bem cozida, descolando fácil do osso, mas a pele era mole demais. Prefiro quando ela vem crocante. Para compensar, a lentilha estava ótima. Para finalizar, pedi uma baba au rhun (€ 11,90), sobremesa que não encontro facilmente nos restaurantes franceses do Brasil. Veio um mini panetone deitado em uma piscina de calda de rum. A bebida entranhou muito na massa, ficando insuportável para comer. Deixei quase tudo no prato. Pelo menos o vinho era bom. Para piorar a noite, a conta demorou muito a chegar. Coloquei um X enorme no Brasserie Lip. 
Restaurante: Brasserie Lip
Endereço: 151 Boulevard Saint-Germain, Paris, França.
Telefone: +33 1 45 48 53 91
Web: http://www.brasserielipp.fr/
Data: 06/05/2017, sábado, jantar.
Valor total da conta: € 130, para duas pessoas, incluída a gorjeta. Pagamento em dinheiro.
Minha nota: 4 (por causa da lentilha, pois do contrário seria menos).

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