quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

PATORROCO

A experiência: BH deve ser a capital mundial dos botecos. Qualquer noite que você saia, há sempre bares lotados de gente bebendo, geralmente cerveja, e petiscando. Com o amigo argentino em casa, resolvemos mostrar um pouco desta cultura da cidade. Era noite de segunda-feira, mas as opções eram fartas. Escolhemos o Patorroco, um bar que sempre quis conhecer e cheguei a indicá-lo por mais de uma vez apenas por ouvir boas referências dele. Fica em uma esquina no pacato bairro do Prado, onde passei minha infância/adolescência. Chegamos após 21 horas. As mesas da calçada estavam todas ocupadas. Ficamos no primeiro salão, onde chitas estampadas funcionam como forro do teto, conferindo ao bar um ar de casa do interior mineiro. O atendimento é bom, com garçons bem atenciosos. Os pedidos não tardaram a chegar em nossa mesa. Resolvemos que seria uma noite de petiscos e desta vez nada de pedir o trivial. Era para experimentar os pratos originais da casa, muitos deles participantes dos festivais Comida di Buteco e Butecar. O calor era insuportável e como não bebo cerveja, escolhi uma limonada suíça para me hidratar (R$ 6,00). Estava tão boa que bebi três delas nas duas horas em que lá estivemos. E ainda bebi uma garrafa de 500 ml de H2O limão (R$ 5,50). Meu companheiro pediu um suco de abacaxi com laranja (R$ 7,00). Ele gostou tanto que pediu outro. O segundo estava com gosto de laranja passada. Reclamou e trocaram. Mais uma vez o gosto permanecia. Trocaram novamente, desta feita por uma limonada suíça. Ao final, cobraram os sucos devolvidos, mas assim que reclamamos, pediram mil desculpas e retiraram imediatamente da conta. Para comer, petiscos. Não nos contentamos com apenas um. Foram quatro durante a noite:
01) Koninguiça (R$ 31,90) - ragu de linguiça calabresa com mandioca e creme de gorgonzola. O petisco já chama a atenção quando chega à mesa. Os cones, quatorze ao todo, são servidos em uma madeira vermelha que lembra uma paleta de pintor usada quando ele está trabalhando em um quadro. A massa do cone é semelhante à dos canudos de doce de leite. Ou seja, crocante e quebradiça, mas absorve bem o recheio de ragu de linguiça com mandioca. Por cima, um leve creme de gorgonzola. Para quem quer mais creme, um pote ao centro da bandeja lhe permite isso. Delicioso.
02) Nhoque do Vale (R$ 38,40) - nhoque frito de mandioca e queijo com redução de goiaba e carne de sol ao molho de coalhada. Embora a informação no menu é que sirva duas pessoas, o prato é farto e serviu todos na mesa. O nhoque, mesmo sendo frito, derretia no contato com a saliva da boca. Tinha excelente textura e nenhum gosto de farinha. O contraste da coalhada e da redução de goiaba, servidos em potes à parte, harmonizou super bem com a carne, que estava bem temperada, apesar de um pouquinho dura.
03) Acarajé Mineiro (R$ 32,50) - pedimos logo a maior porção, a que vem com oito unidades. Aqui a ousadia de reconstruir um prato clássico da culinária baiana falou alto e deu certo. O mesmo bolinho de feijão usado para o acarajé baiano tem em seu recheio creme de milho com queijo substituindo o vatapá, mamão verde refogado no lugar do vinagrete e a linguiça desconstruída substitui o camarão. Recheios que se somaram e resultaram em um ótimo sabor. Ousadia, reverência, originalidade e maestria juntos no mesmo petisco. Gostei muito.
04) Pão Moiado (R$ 16,80) - pão gratinado recheado com ragu de carne, linguiça calabresa e queijo. Como o nome diz, o pão é servido molhadinho, super macio, com um queijo delicioso. O ragu dá a potência ao sabor deste petisco.
Restaurante: Patorroco
Endereço: Rua Turquesa, 875, Prado, Belo Horizonte, MG.
Telefone: +55 31 3372 6293
Web: https://www.facebook.com/BarPatorroco/
Data: 09/01/2017, segunda-feira, noite.
Valor total da conta: R$ 231,00; para cinco pessoas, incluído o serviço. Conta paga com cartão de crédito.
Minha nota: 8.

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