quarta-feira, 31 de agosto de 2016

LASAI




Para comemorar meu aniversário de 52 anos, em 31 de outubro de 2015, fui para o Rio de Janeiro com meu companheiro e mais duas amigas. Escolhi para jantar neste dia o Lasai, que ainda não conhecia. Sob o comando do chef Rafa Costa e Silva, o restaurante já figurou na primeira edição do Guia Michelin no Brasil, em 2015, com uma estrela, estrela esta que manteve na edição 2016. O Lasai também figura em listas internacionais dos melhores restaurantes, o que lhe joga muitos holofotes e é difícil conseguir uma mesa. Reservei por telefone com antecedência de três semanas.






Restaurante: Lasai
Endereço: Rua Conde Irajá, 191, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ.
Telefone: +55 21 3449 1834
Web: http://lasai.com.br/
Data: 31/10/2015, sábado, reserva marcada para 20:30 horas.
Ambiente: ocupa uma casa antiga de dois pavimentos em Botafogo. Por fora, a fachada preserva as características iniciais da construção, mas por dentro, a decoração é muito moderna, mas sem nada excessivo. No segundo pavimento fica uma espécie de lounge, onde ficamos enquanto nossa mesa acabava de ser preparada. Neste lounge tem-se uma bela vista do Cristo Redentor. A parede coberta de plantas chama a atenção. Ali também se servem os excelentes e caros drinques preparados na casa. Mesas decoradas com vegetais trazidos da horta do chef. Todos em redomas, transmitindo a ideia de que são as grandes estrelas da casa. Minhas amigas não gostaram muito destes vegetais em redomas.
Especialidade: cozinha contemporânea, com influência basca. Respeita a sazonalidade dos ingredientes, motivo pelo qual o cardápio sempre sofre alterações. Tem horta própria.
Cardápio: menu degustação, com duas opções. Uma chamada Não Me Conte Histórias, onde o cliente elege o que quer comer. A outra é chamada Festival, composta de passos definidos pelo chef.
Serviço: excelente. Atendimento cordial, muito educado, prestativo, eficiente. Como optamos pelo Festival, os pratos foram chegando em sequência, sem ninguém ficar esperando entre um prato e outro. Boa sincronia na sequência dos passos. Assim que decidimos pelo Festival, o garçom anotou as restrições e desgostos alimentares de cada um de nós. O único senão ficou por conta de uma pergunta desnecessária quando estávamos por terminar a parte salgada do menu. Uma mulher foi à mesa perguntar se tudo estava bem e se queríamos mais alguma coisa. Os quatro da mesa responderam em uníssono que queriam outro pão de queijo. Ela não esperava por esta resposta, sorriu amarelo e se foi, sem falar nada. É o tipo de pergunta que não se deve fazer se não estiver preparado para ouvir outra resposta do que aquela programada no script, que era um "não, obrigado, estava tudo ótimo".
O que bebi: optamos por não beber vinho, ficando nos drinques.
No meu caso, comecei com um drinque chamado Rocky, que vem com gim Tanqueray, manjericão e limão. Simples, com visual não muito chamativo, mas com ótimo sabor.
Passei depois para uma caipirinha de limão galego com melado de cana. Embora doce por causa do melado, o drinque era bem refrescante. Acabei repetindo a dose. Para acompanhar estes drinques, bebi todo o tempo água mineral com gás.
O que comi: todos na mesa tinham que pedir o mesmo menu. Assim, escolhemos o Festival. A seguir, os pratos que comemos, não necessariamente na ordem sequencial em que foram servidos:
1. tempurá de alho poró e molho cítrico: fritura perfeita, sabor delicado. O molho conferiu acidez, amenizando o sabor da gordura.
2. repolho envolto com bacon e alga encimada com creme de alho - mesmo contendo bacon, achei sem graça. Para mim, faltou sabor.
3. alface romana recheada com porco desfiado e abóbora moranga - apresentação inusitada de uma alface, que veio morna. Recheio macio, suculento, muito saboroso.
4. crocante de milho, tartare de angus, rabanete e melancia - explosão de texturas e sabores. O salgadinho de milho estava sensacional, quase sem tempero, pois a ideia era comê-lo misturado com os demais ingredientes do petisco. Combinação perfeita de acidez, adstringência e doçura.
5. pão de queijo feito com queijo tipo serra da estrela - o melhor prato da noite. Tostadinho, crosta levemente crocante, interior macio, úmido, com sabor que fica na boca e na memória afetiva.
6. crocantes de batata doce de duas cores com quiabo, emulsão de salsinha, talo de acelga e salsinha desidratada - outro petisco para se comer com as mãos e com muitos sabores distintos, todos eles vegetais. A textura do quiabo, mais crocante, estava sensacional.
7. crocante de grão de bico com creme de grão de bico - petisco interessante que misturou duas formas distintas de apresentação do grão de bico. Salgadinho, estava muito gostoso. Daqueles que se quer mais quando termina.
8. berinjela caramelizada sobre pétala de cebola - a textura da berinjela parecia a de um pedaço de carne. Estava suculenta, consistente. Ao levar à boca junto com a cebola, fez uma diferença incrível. Novos sabores se fizeram sentir no paladar.
9. namorado com abobrinha, feijão verde e broto de abobrinha ao molho do próprio feijão - prato bonito, peixe com excelente cocção, mas que não mexeu com minha cabeça. Faltou sabor.
10. batata baroa defumada, queijo raclette, tomate sem pele, caldo de galinha e broto de tomate - outro prato quente que não mexeu comigo. Aprecio muito a batata baroa, mas não gostei desta versão defumada.
11. costela de vaca com cebolinha grelhada e batata roxa doce cozida - prato com muita gordura, enjoativo no paladar. Comi em separado a cebolinha, que estava grelhada com sua própria raiz, o que lhe levantou o sabor.
12. pão com ovo: gema de ovo caipira, creme de inhame e sal de carne seca, acompanhada de pão preparado na casa com três grãos, o sarraceno, a cevada e o arroz - segundo prato que mais gostei na noite (sou suspeito, pois adoro ovo). O sal de carne seca por cima do ovo deu um novo sabor à gema mole. O pão era muito gostoso, com crosta grossa e interior macio, com aquele gosto azedinho de fermento que aprecio muito.
13. panacotta de capim limão, abacaxi desidratado, creme de amendoim e espuma de capim limão - sobremesa com lindo visual, mas muito doce.
14. sorvete de iogurte de ovelha, crocante de pimenta, casquinha de frutas vermelhas e morango marinado no limão - tinha esquecido de dizer que não gosto de morango quando, no início do jantar, perguntaram nossas restrições alimentares. O garçom viu que eu não estava comendo e pediu para prepararem nova sobremesa para mim, que descrevo a seguir. Gostei desta atenção ao cliente.
15. bolo de banana, merengue de canela com calda de jabuticaba - a aparência não chamava muito a atenção, mas o sabor era muito bom. Leve no paladar, não muito doce. A calda de jabuticaba deu a acidez necessária para amenizar a doçura do merengue.
Valor total da conta: R$ 1.451,52, para quatro pessoas, incluído o serviço, com bebida alcoólica. Conta paga com cartão de crédito.
Minha nota: 8.

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