sábado, 11 de junho de 2016

MOCOTÓ

Resenha escrita em abril de 2014


Ir ao Mocotó exige uma certa paciência, mas vale muito experimentar as delícias preparadas pelo chef Rodrigo Oliveira. O restaurante é especializado na culinária nordestina, especialmente a do sertão, influência das origens do chef, já que ele assumiu o restaurante aberto pelo pai nos longínquos anos setenta. O Mocotó e seu chef sempre figuram nas listas de melhores, tanto no Brasil quanto no restante do mundo. Depois de várias tentativas frustradas, muitas delas provocadas pela preguiça, em janeiro, aproveitando a companhia de uma amiga em São Paulo, combinamos de ir ao Mocotó em um sábado para almoçar. O restaurante não aceita reservas. Seguindo conselhos de amigos, decidimos ir cedo, pois não queríamos chegar lá e ficar um longo tempo na fila de espera, embora muita gente faça isto, especialmente nos finais de semana. Sábado, 11 horas da manhã. Conforme acertado, eu estava a postos na Estação Consolação do metrô de São Paulo. Tomamos o trem da Linha Verde, direção Vila Prudente, descemos na Estação Paraíso, onde pegamos o trem da Linha Azul, em direção à Estação Tucuruvi, última parada da linha. Já estávamos na Zona Norte da capital paulista. Há um shopping nesta estação, por onde saímos. Descobrimos o ponto de táxi mais próximo e pegamos o primeiro carro. O calor que fazia era muito forte. Em um trajeto de meia hora de carro, com trânsito travado em algumas partes, chegamos ao nosso destino, o Restaurante Mocotó, que fica na Avenida Nossa Senhora do Loreto, 1.100, Vila Medeiros. O relógio marcava 11:55 horas quando descemos do carro. Do lado de fora, na calçada em frente ao restaurante, há um longo banco de madeira, utilizado para a famosa fila de espera. Uma recepcionista simpática nos atendeu, levando-nos para uma mesa para duas pessoas no segundo salão, cujo acesso se dá pelo final do salão principal, à direita. O restaurante já estava muito cheio e em menos de quinze minutos já não havia mesa vazia. A fila de espera começou cedo. Acomodados, recebemos os cardápios e começamos nossa orgia etílica e gastronômica. O Mocotó tem uma variedade de caipirinhas sensacional. Ali não é local para beber vinho, mesmo porque, neste quesito, a carta é bem pobre. O forte são as cachaças e os drinques com elas preparados. As dicas de revistas, jornais, sites e amigos era para experimentar as misturas diferentes para as caipirinhas. Ao longo das quase quatro horas que ficamos por lá, experimentei três tipos, todas feitas com a cachaça João Mendes:
01) Caju com uva (R$ 16,90) - nunca imaginaria misturar estas duas frutas. Ficou doce, mas com sabor leve. Aprovado.
02) Caipirinha de verão - cajá, tangerina e manjericão (R$ 16,90) - refrescante, com leve sabor cítrico. A melhor da tarde.
03) Jabuticaba (R$ 16,90) - muito boa. Sabor doce, marcante.
Para acompanhar esta orgia etílica, consumimos três jarras de água mineral com gás Crystal (R$ 1,90 cada uma).
Percebemos que a maioria das pessoas que estavam no mesmo salão que a gente pedia porções pequenas dos pratos. Vimos ali a oportunidade de experimentar vários deles. E assim foi nosso almoço, recheado das delícias sertanejas do Mocotó. Foram estes os pratos que experimentamos:
01) dadinhos de tapioca (R$ 12,90, seis unidades) - cubinhos de tapioca com queijo coalho dourados e servidos com molho de pimenta agridoce. Sabor de Nordeste, ficando aquela vontade de quero mais quando acabou.
02) linguiça com cebola roxa e cachaça (R$ 8,90, a unidade) - linguiça de pernil artesanal flambada na cachaça com azeite e cebola roxa. O toque de cachaça é o diferencial do prato. A linguiça tem um tempero maravilhoso.
03)  alho assado (R$ 3,90, a unidade) - servido quente, o alho desmanchava ao ser retirado da sua própria casca. Ótimo acompanhamento para a linguiça.
04) mandioca chips (R$ 8,90) - sequinhos, os chips eram crocantes e serviram para acompanhar todos os pratos que degustamos.
05) torresminhos (R$ 12,90) - porção que faz sucesso na casa. São secos e crocantes.
06) baião-de-dois (R$ 13,90, a mini porção) - sabor sensacional. O queijo derretido era divino.
07) feijão de corda (R$ 13,90, a mini porção) - feijão novo preparado com linguiça, bacon, carne seca e manteiga de garrafa. Mais nordestino, impossível.
Após tantos pratos, mesmo em porções menores, servidos em quantidades suficientes para duas pessoas, decidimos experimentar as sobremesas. Foram duas:
01) pudim de tapioca (R$ 11,90) - pudim de tapioca com leite de coco e leite condensado, servido com calda de coco queimado. Foi o único prato que não me chamou a atenção, embora no paladar tenha se saído bem.
02) creme brulée de doce de leite e umburana (R$ 12,90) - aqui, o chef Rodrigo Oliveira se inspira no chef Julien Mercier para fazer uma releitura de um clássico da culinária francesa. O doce é francês, mas com ingredientes bem brasileiros: doce de leite e umburana, fruto que lembra o umbu. Estava muito bom, com um toque azedinho.
Finalizamos nosso almoço com uma xícara de café espresso Fazenda Pessegueiro (R$ 3,90).
Durante nossa permanência no Mocotó, a fila sempre esteve grande do lado de fora, inclusive na hora em que saímos, quase perto de 16 horas. Neste período, vimos a troca de clientes por três vezes na mesa ao nosso lado.
Mocotó tem uma brigada de funcionários enorme, o que garante um atendimento eficiente, mesmo com o restaurante lotado. O chef deu o ar da graça, passeando pelo salão, conversando com alguns clientes e posando para fotos.
Para duas pessoas, a conta ficou em R$ 236,50.
Ao sair, pedimos para chamar um táxi. O calor continuava forte. Foram atenciosos conosco, mesmo com a portaria lotada de gente. Ficamos esperando do lado de dentro, ao lado do balcão onde fica o caixa. Assim que conseguiram um táxi, o que demorou por volta de vinte minutos, fizemos o mesmo caminho da ida, ou seja, pegamos táxi e metrô para voltarmos para nossos respectivos hotéis.
Tarde memorável.

Restaurante Mocotó
Avenida Nossa Senhora do Loreto, 1.100,Vila Medeiros, São Paulo, SP
 + 55 11 2951 3056
Minha nota: 9.

gastronomia

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