segunda-feira, 9 de maio de 2016

A CASA DO PORCO

Esperei passar a euforia da inauguração para, enfim, ir conhecer o tão falado restaurante do chef Jefferson Rueda. Fui em um feriado, sabendo que a casa não faz reservas. Assim, já sabia que teria que enfrentar uma fila de espera que prometia ser larga e longa. Tive uma experiência mediana no A Casa do Porco Bar, localizado no Centro de São Paulo, próximo à Praça da República. É louvável a instalação do bar neste local, sendo mais um no movimento de revitalização do Centro. Fui com muita expectativa, que não foi correspondida. Uma hora e dez minutos na fila de espera, em pé na calçada em frente, sem lugar para sentar. Quando cheguei, às 12:55 horas, já havia uma aglomeração de gente em ambas as ruas, pois o restaurante está em uma esquina. Coloquei meu nome na lista, mesa para duas pessoas, fornecendo o número do celular. Imediatamente, recebi um SMS com um link para acompanhar nossa posição na fila. Resolvemos ver como estava a espera no Bar da Dona Onça, da chef Janaína Rueda, esposa de Jefferson. Era perto. Havia espera de, no mínimo, 50 minutos. Voltamos para a frente da Casa do Porco.

Para amenizar a espera e enganar a fome, o restaurante abriu uma janela voltada para a rua, onde vende alguns petiscos, entre eles uma pururuca e um sanduíche de carne de porco desfiada, cebola defumada, maionese e mostarda levemente picante, em um pão ciabatta crocante (R$ 15,00), além de bebidas, como a cerveja da casa. O sanduíche pode ser dividido para compartilhar.  Dividimos um sanduíche e gostamos muito, aumentando nossas expectativas. Passados 70 minutos, recebi outro SMS, informando que chegara minha vez e que deveria se apresentar em cinco minutos na recepção, sob pena de perder a vez. Moral da história: não se pode distanciar muito do restaurante/bar. De cara não gostei de onde nos colocaram. Fomos acomodados no bar, de costas para todo o salão principal. Nossa visão frontal era o movimento da preparação dos drinques. O lugar não chega a ser desconfortável, mas também não é o melhor do mundo. Depois de um tempo sentado, a gente sente o corpo cansado. Relaxei, afinal estava em um bar! O lugar é pequeno e em qualquer mesa, que têm formatos irregulares, a sensação é de estar sentado no balcão de um bar. A carta tem muitas opções de entradinhas, o que aguça a curiosidade. Todas são servidas com quatro unidades. O bom é que você pode pedir metade, o que lhe permite experimentar mais pratos. Pedimos cinco entradinhas, sendo quatro delas a meia porção. O serviço é muito lento, embora o atendimento seja atencioso. Entre um prato e outro se passava um longo tempo, o que desestimula vivenciar a experiência.


Começamos com um sushi de papada de porco (R$ 14,50 ½ porção). Tem linda apresentação, mas no paladar senti que faltou algo. Tempero? Algo crocante? Talvez os dois.


Em seguida, croquete de porco, servida com mostarda de tucupi e pimenta fermentada (R$ 11,00 ½ porção). Quente, saboroso, crocante, harmonização excelente com os dois acompanhamentos.


O terceiro prato foi um pão no vapor com cebola roxa, barriga de porco e pimenta fermentada (R$ 10,50 ½ porção). Pão macio, cuja massa se integrou perfeitamente com a barriga de porco e demais ingredientes. A minha entrada favorita.


A quarta entrada foi chamada na carta como um já clássico da casa: torresmo de pancetta e goiabada (R$ 13,00 ½ porção). Houve um espaço enorme de tempo entre a terceira e esta entrada. É lindo de se ver, mas estava frio, o que a torna com forte sabor de gordura na boca, mesmo com o sabor adocicado da goiabada. Ao ver a bancada onde finalizavam os pratos, notei que demoravam muito para decorar o torresmo, o que pode ter provocado o esfriamento do prato. Não gostei. Reclamei com o garçom da demora, para mim injustificável pelo fato de ser um bar!


Chegou, então, a quinta entrada, uma versão diminuta do prato virado a paulista (R$ 24,00). A princípio não tínhamos pedido este prato, mas quando vimos chegar para o casal que estava ao nosso lado, achamos tão linda e apetitosa que resolvemos pedir a porção completa com quatro unidades. Realmente é lindo, mas chegou fria e comer ovo frito frio é de lascar.


Enquanto esperávamos o prato principal, o garçom nos trouxe, como cortesia, a pururuca que vendia na janela que mencionei no início desta resenha. Sequinha, temperada com especiarias, com destaque para a canela em pó, é crocante e saborosa, tipo impossível comer uma só. Perfeita para tira-gosto.


Enfim, o prato principal, individual, que foi a escolha de nós dois: porco em cinco versões (R$ 68,00) - medalhão com bacon (nenhuma novidade), pancetta (estava quente, como deve ser, o que realçou seu sabor), costelinha (defumada, modo que não me agrada), linguiça (saborosa, levemente picante, sabor marcante) e codeguim (macio, desmanchava na boca, o melhor das cinco versões).

A orgia salgada foi grande, não sendo possível experimentar as sobremesas. Terminei com um café espresso, bem tirado, acompanhado por uma bala de doce de leite com bacon. Sabor inusitado. Nenhum prato que experimentei mexeu com minha cabeça. O melhor foi o sanduíche do lado de fora, que poderia ter experimentado sem esperar nada, pois fazem embalagem para viagem. Total da conta para duas pessoas, já incluído o serviço: R$ 266,68 (não está incluído o sanduíche e as bebidas que degustamos enquanto estávamos na fila de espera, pois estes foram pagos mediante entrega).


A Casa do Porco Bar – Rua Araújo, 124, República, São Paulo, SP. Telefone: +55 11 3258 2578. Wi-fi disponível mediante senha fornecida pelos garçons.
Minha nota: 6.

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